CLUBE FAZENDA NOTA 10! INICIATIVA AJUDARÁ QUEM NÃO CONSEGUE MEDIR OS NÚMEROS DO REBANHO
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26 de Abril de 2022
Lea masEscrever um livro era algo que estava em meus planos, mas nunca imaginei que o completasse tão cedo. Talvez fosse em fase mais serena, com mais reflexão, mas o incentivo e a realidade me colocaram nessa empreitada em 2018. Quando vi, já estava organizando ideias, definindo conceitos, estudando e colocando as coisas no papel para a publicação que teria o título “Como ganhar dinheiro na pecuária. Os segredos da gestão descomplicada”. Hoje, após o lançamento realizado em dezembro e olhando para os números da pecuária, tenho a certeza que fiz a coisa certa no momento certo.
Quando começamos o livro, em minha cabeça estavam os dados da safra 2016/2017, quando as melhores fazendas obtiveram um resultado de 6,7 vezes superiores à média (TOP 30% R$486,00 ha/ano e a média em R$73,00 ha/ano). Em agosto, em meados da empreitada do livro, tivemos o primeiro contato com os dados da safra 2017/2018 e a diferença entre os dois grupos passou para mais de 16 vezes. Foi assustador para toda a equipe, já que a estatística nos permite essa comparação, mesmo com o maior número de fazendas participantes. Os top 30% fecharam o ano com R$460,70 ha/ano, mas a média foi de R$28,10 ha/ano. Foi nessa hora que fomentar a educação para a gestão pecuária fez ainda mais sentido para mim.
Digo isso, pois o ano foi igual e para todos. Se os melhores conseguiram se manter na casa dos R$400,00 a média foi puxada para baixo por aqueles que tiveram prejuízo frente a um ano desafiador. O que diferencia os dois grupos? Debruçado sobre os dados, isolando indicadores e confrontando informações, chegamos a conclusão de que se saiu bem quem teve excelência na gestão. Os que fizeram a lição de casa conseguiram avançar e ganhar mais do que no ano anterior. Quem não se dedicou à gestão saboreou algo bem mais amargo.
Investir na excelência interna
Para 2019, quem se mantiver na excelência administrativa continuará sendo premiado pelo próprio esforço. Tenho essa certeza, pois o poder de aumentar a rentabilidade está muito mais dentro da porteira do que fora. Em nossas análises percebemos que o pecuarista terá o mesmo incremento de rentabilidade se aumentar em 46 gramas no ganho médio diário ou se aumentar a lotação em 0,49 UA/ha. Ainda nessa comparação, registrará a mesma rentabilidade se optar por economizar R$7,75 por cabeça ao mês ou conseguir uma valorização de R$17,00 no preço da arroba. Qual tarefa lhe parece mais fácil?
Com certeza a melhor alternativa serão as iniciativas para melhorar o ganho médio diário. Ajustes nas alturas de manejo das pastagens, como homogeneidade de lote, acesso e qualidade de água e uma suplementação inteligente, podem garantir esse retorno. O ganho é pequeno por animal. De apenas 46 gramas ao dia. É possível.
Na tarefa da lição de casa, também é preciso gastar bem, o que é diferente de gastar pouco. Quem produz commoditieprecisa produzir mais barato do que a média o que só é possível fechando a torneira do custo fixo e gastando mais de 60% com insumos de produção (pastagem, nutrição, reprodução e sanidade). Na imagem figura 1, cada bolinha representa uma fazenda em cada um dos três gráficos. Repare que as que conseguiram melhor resultado na operação (eixo y) concentram-se do lado esquerdo de cada gráfico, exatamente, onde há menor percentual de custo fixo (eixo x).
Figura 1. Resultado da operação pecuária (R$/@) e custeio fixo por cabeça ao mês, nos diferentes sistemas de produção.
Fonte: próprio autor
Os que apresentam maior custo fixo por cabeça ao mês acabam ficando abaixo da linha do zero, ou seja, na faixa do prejuízo. O ponto máximo foi de uma empresa com custo fixo que abocanhou 70% de seu desembolso e não por coincidência, infelizmente, apresentou resultado negativo de R$2 mil ha/ano.
Cereja do bolo será do mercado
Somado a isso, para 2019, o mercado dá sinais de melhora segundo os principais analistas, o que não pode ser um argumento para afrouxar na gestão. Na verdade, o mercado só ajuda quem faz corretamente a lição de casa. Em outras palavras, um ano bom no valor de venda não resolve o problema da má gestão, mas premia quem é craque.
Com gestão afinada e focada no melhor ganho de peso diário gastando bem e um mercado favorável, 2019 poderá ser um ano para garantir caixa. Por que, não? Quem sabe até expandir. Entre as fazendas que acompanhamos, a taxa interna de retorno das top 30% foi superior a 1,39%, valor incrível quando comparado as opções disponíveis no mercado. Quem aprendeu a ganhar dinheiro com boi não pode parar. É um negócio que vale a pena.
Além de manter-se alinhado na gestão, é preciso ter a mente aberta para novas respostas aos desafios que vamos enfrentar em 2019, advindos principalmente do crescimento da automação, agilidade de informação e soluções das startups. Quem garante que no final do ano nossa pesagem não seja por fotografia? A única certeza que temos é que as coisas vão mudar. Essa é uma frase permanente na cabeça dos líderes. Todo o processo que defendemos é um ciclo que deve ser constantemente revisitado para a melhoria da empresa pecuária.
Temos que ser, hoje, melhores do que ontem. Amanhã, seremos melhores do que hoje. Nossos filhos serão melhores do que nós e nossos netos, melhores que eles. Esse é o caminho da evolução que buscamos. O que não muda são os valores, a força de trabalho, a ética e a vontade de crescer e fazer um mundo melhor. E, para projetar esse futuro devemos manter as perguntas inquietantes. Qual será o próximo passo? Qual será o próximo desafio? O que vou construir no próximo ano? Quem vou agregar daqui para frente? Como vou contribuir, de forma diferente, para o bem desse mundo? As rotinas diárias não podem impedir nossa força locomotiva em nosso grupo de liderados, nas fazendas em que construímos e no mundo em que vivemos.
27 de Dezembro de 2018
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