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A informação corre cada vez mais rápidamente, principalmente, entre aqueles que têm os mesmos interesses, seja em grupos de whatsapp com produtores e consultores; nas redes sociais com muitos amigos da pecuária ou particularmente em reuniões e eventos técnicos.

 Em comum, nas últimas semanas, parece que há um brado negro nas conversas. "Vivemos na crise! Arroba no pior valor! Não vendo para tal empresa! Norte americanos acabaram com nossas exportações! Não aguento mais, vou sair no negócio!", para completar, a grande imprensa massacra o consumidor com declarações despreparadas sobre a pecuária. Frente a esse cenário é preciso acreditar no negócio, vamos deixar de ser a principal fonte de proteína para o mundo? É isso mesmo?

Repare, as pessoas pararam de discutir questões técnicas e produtivas que alavancavam o negócio para repetir a mesma nota e contaminar o setor com um pessimismo o qual, ao olhar os números, não acredito que seja verdade.  Estamos passando por um tranco muito forte, que não é exclusivo da bovinocultura, entendo que crise não se caracteriza por vender mais barato e sim quando não se tem o que vender, como acontecem nas quebras de safra dos nossos colegas agricultores.

Provo, com a métrica, que há sim um grande desafio, porém, crise pesada como estão descrevendo, isso não. O preço de venda, realmente está mais baixo que no último quadriênio, deflacionado temos um valor de R$147,80 enquanto em junho de 2017 (São Paulo) navegamos na casa de R$130,00 o que representa perda de 9,0%, isso era previsto pelos consultores, quem tinha informação, se preparou: travou o preço no mercado futuro, comprou mais barato e reduziu despesas.

Ao analisar os últimos 20 anos, a cotação média da arroba do boi gordo foi de R$130,40, ou seja, estamos em cima da média histórica corrigida (IGP-M). Olhando para a reposição, dados da Scot Consultoria mostram, que nos últimos 20 anos precisávamos de 6,47@ de boi para comprar um bezerro e hoje precisamos de 6,88@, muito menos que o ano de 2016 quando foi necessário 7,28@ para compramos um bezerro. A margem para quem opera bem pode continuar na casa dos R$500,00/boi abatido nos projetos de 20 meses de operação.

Se quisermos falar em crise, perguntemos para o pessoal da mandioca, arroz, café, laranja, borracha e cana, longas histórias teremos para ouvir. Podemos também falar com a turma das fazendas do sul do MS durante o advento da aftosa e o respectivo embargo, foi tão forte o tranco que se atualizada a arroba da época em São Paulo, estaria em menos R$110,00. Ou seja, já passamos por coisa muito pior em relação à cotação da arroba e não houve o mesmo desespero.

Faço o alerta, pois o medo pode levar a dois comportamentos opostos: a paralisação ou a motivação para a criação de respostas. Ao abrir o whatsapp e rodar pelas conversas, isso me preocupa, pois vejo que estão dando um tamanho maior do que a realidade da crise. Por outro lado, no caldeirão de dados do Inttegra, com 185 fazendas controladas, sabemos que as 15% top fecharão a safra com um rendimento superior a R$600,00/ha/ano, e o melhor, com maiores estoques de rebanho, seguindo a máxima dos negócios, se está em baixa, devemos crescer. Ou seja, há quem está indo bem, analise sua situação e caso esteja paralisado, é hora de mudar.

Frente à crise, divido o comportamento do pecuarista em quatro modelos e tomo como variáveis a sua condição financeira e de informação. Lembrando que informação caracteriza-se por conhecimento dos dados internos do negócio.

Há quem aproveita a oportunidade, pois ele tem dinheiro e informação, esse está bem, pois está comprando barato e a fazenda crescendo. No cenário atual, há uma redução no preço dos insumos como bezerro, milho e farelo de soja. Com a compra do bezerro a R$1 mil e a expectativa de que permaneça por 20 meses na fazenda, com desembolso mensal de R$43,00, o custo fechará em R$1.860,00. Ao final, já com 18,7 @, o valor de venda fechará em R$2.244,00, se a arroba se mantiver em R$120,00, há um ganho de 20,0% ou de 1,2% ao mês, porém, acredito que em 20 meses o valor da arroba poderá retomar seu curso normal e ser superior a R$135,00. Portanto, a venda sairá por R$2.524,00, ou seja, ganho de 30% ou quase 2% ao mês, mantendo, é claro os custos de produção e performance dentro da meta. Esses são fatores que o pecuarista pode medir, controlar, pois estão em seu poder.



 

O segundo comportamento é o de segurança do empresário que tem informação, mas está descapitalizado. Assim, ele sabe que não será um ano para gerar caixa, mas para ter estoque, terá que trabalhar em um projeto que mitiga o impacto de mercado e, se não há preço, é hora de controlar as outras variáveis que comprometem o negócio. As principais são: lotação, ganho médio diário, lotação e desembolso por cabeça mês (ver detalhes em https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/45118/dica-para-este-ano:-fique-atento-a-quatro-indicadores-e-foco-total-no-resultado-do-caixa.htm) Para cada R$1,00 que economizar por cabeça ao mês, ganhará R$25,00/ha.

 

Economizar é racionalizar mão de obra, evitar desperdício, comprar corretamente, entre outras ações. Se conseguir aumentar sua lotação em 0,1 UA/ha refletirá em um ganho de R$45 ha/ano, cada 0,1 kg de GMD potencializa o resultado em mais de R$260,00/ha. Coloco na tabela 1, exemplos do efeito das variáveis técnicas sobre o lucro com base nos resultados do Inttegra para fazendas de cria, mais afetada hoje.



 

Começando a entrar na zona de risco temos aquele que tem dinheiro, mas não tem informação, a chance de que ele desperdice capital é grande. Sem informação, não se sabe o rumo correto para o seu projeto, muitos investidores que não são do negócio me procuraram no último mês, vendo o setor em baixa querem entrar, acreditam que é só comprar o boi, arrendar uma fazenda e colocara boiada lá! Ledo Engano. Ele perderá dinheiro afinal, como não tem conhecimento, a chance que comprar coisa ruim, arrendar uma fazenda de baixa performance e ser assediado por oportunistas é grande, ou seja, só dinheiro não resolve, precisa-se de dinheiro e informação.

 

Por fim, e infelizmente, onde está a maioria, há quem não tem informação nem caixa. Esse está em desespero, pois as únicas métricas são o preço da arroba e as conversas do setor. Fácil perceber o terror que vive e seu potencial de contaminação do meio. Como vimos, não é para tanto. Não tem dinheiro? Arregaça as mangas, com apoio de um técnico e passe a anotar, fazendo previsões e revisões semanais nos dados. Há necessidade do apoio técnico para que se gaste energia em medir o que realmente importa, pois o tempo é curto. Assim, se constrói um histórico da propriedade, e também se acalma o coração. Nessa hora, a razão precisa sobressair para que se acumulem mais informações, do que emoção.

 

Desparalize-se! Comece a construir a informação de seu projeto pecuário para que seja possível tomar um rumo. Chegou a hora dos não profissionais dizerem adeus para a pecuária, como já ocorreu em todos os outros setores. E digo mais, vai passar...certeza!

    Fonte: Antonio Chaker para Scot Consultoria.

11 de Julho de 2017

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