CLUBE FAZENDA NOTA 10! INICIATIVA AJUDARÁ QUEM NÃO CONSEGUE MEDIR OS NÚMEROS DO REBANHO
11 de Outubro de 2023
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29 de Março de 2019
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27 de Maio de 2020
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26 de Abril de 2022
Read moreTodo ano estudamos profundamente as características que foram determinantes ao sucesso das fazendas. Para a safra 2018/2019 uma das principais conclusões foi: os líderes de projetos pecuários que se mantiveram ganhando dinheiro na pecuária são “aprendedores profissionais”. O que significa isso? Sem se render a transformar a fazenda em um campo de testes, eles estão atentos e têm a humildade para reconhecer que “não sabem tudo” e que podem “aprender a cada dia”. Na teoria das palavras isso é lindo, mas na prática da fazenda, carregamos uma carga cultural operacional tão grande que sabemos que não é fácil ser um aprendedor. Por que mudar se meu pai e avô sempre fizeram assim e consigo trocar de caminhonete todo ano? OK, mas será que seu estoque de rebanho ainda é o mesmo e você, proporcionalmente, é tão bem sucedido quanto era seu pai e avô? Outros podem ainda argumentar que não conseguem ser aprendedores profissionais, pois apesar de participar de eventos e receber boas ideias, isso é muito complicado de ser aplicado em sua equipe, solo ou rebanho. Será que não é a hora de mudar a miopia do líder? Isso refletirá na transformação da equipe, além de causar uma revolução no projeto. Peço licença para fazer ainda mais uma reflexão. Quando somos aprendedores profissionais somos humildes para reconhecer que existem possibilidades de executarmos a rotina, porém, de uma forma melhor. E, isso é muito diferente de ter baixa-autoestima ou sentir-se um derrotado. Ser um aprendedor é saber lidar com o problema de outra forma, criar, inovar e com isso avançar. E, essa é uma boa resposta racional para as novas demandas que recebemos de um filho, neto, equipe e até da sociedade. Retire-se do “modo avião” ou do “automático” e assuma a pergunta: será que é possível fazer diferente? Qual é o melhor indicador de sucesso que tenho que perseguir e como vou mudá-lo? Para trazer prática ao nosso tema, lembro-me de um projeto que operava em R$20,00cab/mês/mês de custo fixo e para que subisse um degrau de rentabilidade, o indicador precisava ir para R$18,00/cab/mês. Em um rebanho de 10 mil cabeças representaria retirar R$20mil de despesa fixa mensal. Pesado? Sim, mas o produtor assumiu e reviu seus processos, pois precisava fazer as coisas de forma diferente. Essa é a atitude de um “aprendedor” do dia-a-dia. Ao analisar esses projetos percebemos que os líderes que estão entre as fazendas mais rentáveis do ano têm características em comum as quais divido em dois grupos para facilitar a compreensão. Há as “hard skills”, ou seja, muito relacionada às questões técnicas e as “soft skills”, estas diretamente ligadas à liderança. Hard Skills dos top rentáveis:
São pessoas que discutem mais sobre pasto do que confinamento ou suplementação. Sabem que a energia produzida pelo pasto é cinco vezes mais barata do que a do grão, portanto, precisam aproveitar a condição do ambiente pastoril e de seus recursos naturais.
Ganhar dinheiro de outubro a março, na pecuária de corte, é algo comum a todos. Difícil mesmo é manter o mesmo nível de março a outubro, época de seca em que os custos aumentam muito se não forem bem planejados. Os top rentáveis se debruçaram sobre esse tópico e foram aprender o que poderiam ajustar ou fazer em seus projetos. É fato que quem não tem uma estratégia inteligente perde na seca o que ganhou nas águas. E, não estou falando em boi “sanfona”, ou seja, aquele que emagrece no período seco, mas estou falando em margem “sanfona”, quando o pecuarista gasta mais do que deveria e cobre o buraco da ineficiência com dinheiro.
A fazenda, fisicamente, precisa ser pensada com a cabeça de um engenheiro para que tenha funcionalidade. Estou falando sobre modelos e acessos de cochos, pastos, manejos para que seja possível, por exemplo, limpar com facilidade os bebedouros e oferecer uma água de qualidade. Quem pensa nesses detalhes vai na contra-mão da adaptação ou do provisório. É preciso ser um aprendedor dessa nova realidade.
Nunca na história deste país foi preciso ter tanto foco na margem como agora. Perseguir a produtividade é importante, mas esse indicador não pode andar sozinho, pois ele pode corroer a margem disfarçadamente. É preciso aprender a calcular a margem alvo de cada projeto e tê-la controlada para que se tenha equilíbrio, principalmente, no desembolso. Soft Skills dos top rentáveis:
Falamos um pouco sobre o conceito e essa é, nos dias de hoje, a habilidade mais importante de todas. De nada vale sermos profissionais nas questões mais técnicas (hard skills) se não estivermos abertos à mudança e atualização. É preciso incutir uma cultura de atualização no líder e na equipe, pois o processo de aprendizagem não é algo rápido e fácil. Somado a reciclagem, o aprendedor mantém o senso crítico para avaliar sobre cada nova proposta ou desafio.
Cada vez tenho mais convicção de que o mundo será mudado pela força de atuação em grupo. O pecuarista, diferente de outros setores, não é concorrente diretamente entre si e isso permite dividir e colaborar uns com os outros. Por esse motivo nossos grupos de estudo virtuais ou grupos de whatsapp, como também dias de campo são tão fortes. São pessoas ajudando as outras a resolver seus problemas em comum a partir da própria dúvida ou experiência. O pecuarista que ensina seu colega não perde mercado, muito pelo contrário.
A pecuária é mais jeito do que força, portanto, é possível com a própria equipe buscar soluções e alternativas para o melhor ganho. O ideal seriam as instalações perfeitas com cercas brancas e tudo organizado, mas nem sempre é possível. Portanto, o que podemos fazer para avançar? O ótimo é inimigo do bom, ou seja, não mire no ideal, mas no que as pernas de sua equipe conseguirão andar e se manter. Naquele caso, em que o custo fixo precisava reduzir em R$ 2, foi hora de chamar a equipe e discutir todos os possíveis pontos. Se não fosse assim, alguém seria demitido ou o projeto entraria no vermelho. Temos a vantagem da criatividade em nossa cultura, aprenda com ela para buscar soluções diferentes para os mesmos problemas.
Tudo só faz sentido se houver a cultura de mudança e aprendizado no líder. É mais fácil manter-se na mesma toada de sempre, mas será que isso o levará aonde você quer chegar? Mantenha-se na cultura do aprendizado contínuo e sua equipe fará isso, pois hoje ela tem acesso à informação. Ao ver o líder buscando, aprendendo e trazendo informações, o vaqueiro também irá fazer isso, mesmo que seja a partir das redes sociais ou em vídeos pelo celular. Portanto, assuma que é um “aprendedor profissional” de seus processos produtivos. Busque entendê-los e identifique os detalhes que precisam de ajustes. Quem ganhou dinheiro olhou para o detalhe e teve a coragem de mudar. O que pode parecer uma ameaça, na verdade é um aprendizado que todos temos a oportunidade de avançar em nosso dia a dia. Basta atitude. Fonte: Antonio Chaker para Scot Consultoria.
24 de Outubro de 2019