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Isso é facilmente obtido pela métrica, quando dados confiáveis abastecem os controles. Saber o resultado esperado não se restringe a estabelecer apenas a rentabilidade, mas conhecer a meta para cada um dos 70 índices técnicos e orçamentários da pecuária. Alguns exemplos seriam as metas de fertilidade, mortalidade pré-parto, ganho de peso do rebanho, rotatividade da equipe, produção de capim, etc. Em complemento, esse placar final não está apenas na cabeça do dono, mas incutido em todos os seus colaboradores. Há consciência sobre aonde o projeto quer chegar em suas minúcias e, assim, todos lutam pelo mesmo resultado. Com o plano definido, é hora de concentrar-se na execução. Esse é o segundo ponto comum entre as top rentáveis: elas cumprem, de forma impecável, o que haviam planejado; a operação já está estipulada e precisa ser executada fazendo o que se sabe. Assim, comprovam que se deve executar bem o feijão com arroz, ou seja, as atividades que já se conhecem, porém não com o intuito de inibir a criatividade, mas com a certeza de que está sendo bem feito. Para o trabalho, não existe mágica, mas suor; portanto, não adianta inventar atalho sem a certeza de sua correta execução. As top rentáveis mostram que é necessário garantir a execução do combinado. Toda essa execução depende de um fator comum a toda a equipe, do líder ao diarista. É preciso que todos tenham “atitude de dono”, ou seja, as pessoas precisam assumir sua responsabilidade pelas tarefas e pelo resultado esperado em todos os níveis hierárquicos. A atitude de dono, nosso terceiro ponto-chave, está em ter poder para agir dentro do plano de voo estabelecido, valorizando também a opinião e percepção diária, bem como em dar liberdade para aumentar a responsabilidade e supervisionar as entregas, o famoso empoderar. Isso é possível de ser implantado no campo, mesmo que o senso comum da pecuária insista em dizer que não há pessoal comprometido. É comum o desânimo frente à equipe de trabalho, mas as top rentáveis conseguem ir contra esse fluxo. O que fazem? Primeiramente, constata-se que são fazendas “famosas” em sua região por caracterizarem-se como um bom local para se trabalhar. Elas atraem talentos, o que dá condições de montar um time acima da média. Essa fama é possível graças a uma junção de características que não se resumem ao bom salário, mas também à condição de trabalho, respeito em geral e atenção, ou seja, o cuidado com as pessoas, sem ser paternalista. A cereja do bolo está no mérito, isto é, na recompensa pelos gols marcados perante os desafios impostos. A vida urbana é assim, impõe desafios e desejos o tempo todo e isso atrai as pessoas. É preciso estabelecer essa dinâmica no campo. Para quem não tem uma equipe com “atitude de dono”, a primeira coisa a fazer é sentar na varanda em um fim de tarde e fazer um exame de consciência. Por que as pessoas boas não querem trabalhar comigo? O que deixo de oferecer em relação a salário, condições de trabalho, atenção e mérito? Qual projeto de vida ofereço para essa pessoa e sua família? A partir dessa verdade, podem-se ajustar os processos e melhorar a reputação da empresa entre seus próprios funcionários, como também na região onde está localizada. Com base em nossos dados, o bom salário retém o bom profissional por no mínimo dois anos. Considerar todas as características citadas o retém por toda a vida. Feita essa mudança de atitude nos pontos falhos identificados, é hora de olhar para a equipe para colocar as melhores pessoas nos melhores papéis, de acordo com seu perfil. Quem não se adaptar, infelizmente, deverá mudar de projeto. O único personagem que não tem como ajustar é o líder. É preciso que seja uma pessoa de confiança, que se identifique com a forma de administrar e consiga levar em frente essa nova ideia e, assim, transformar e manter a boa fama da fazenda. Sou contra essa ideia de que o olho do dono é que engorda o boi. Quem tem um bom líder, dentro de um excelente modelo de gestão, não precisa estar constantemente envolvido com as atividades da rotina, a famosa “lama do operacional”. Nesse ponto, por fim, está o quarto fator comum às top rentáveis, que é a medição e registro periódico dos índices. Isso é feito de forma sistemática, com a compreensão geral de que se trata de uma prática para checagem de resultados conforme planejado. São medidas objetivas que têm relação com o cumprimento da tarefa delegada para cada pessoa. Com a análise dos índices, é possível identificar pontualmente processos ou pessoas que necessitam de ajustes. Independentemente da atividade na pecuária, região do Brasil ou escala de produção, a métrica é definitivamente o olho do dono e o mantém seguro de que se está cumprindo o plano traçado. No fim do ano, ele nem vai precisar conferir o placar, pois já saberá o resultado.
30 de Março de 2017
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